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Exatamente assim se lê no álbum que encontrei entre livros que tenho comigo ainda a serem classificados. Entrei em parafuso - de verdade em fuso - estupefato por deixá-lo perdido entre outros. Tomei-o nas mãos e soou em meus ouvidos o trecho daquela canção que diz tudo ao afirmar que é sempre bom lembrar coisas passadas, rever os lampiões, os ancestrais. Minha Santa Maria tinha mais de cem anos em 1958, mas o álbum refere cem anos da sua emancipação política.
Não sei por onde começar. Há tanto a dizer que tudo é nada, nada é tudo! Duzentas e trinta páginas que me encantam, ainda que nada digam do meu avô Oscar Grau, músico que aos domingos tocava órgão na Catedral, durante a missa, e ao final seguia às pressas, de charrete, para tocar na Igreja Luterana. Ele compôs o Hymno de Santa Maria, em 1914. Leiam o que escrevi aqui na edição de 25/26 de março de 2017 e mintam que gostaram!
O Album Ilustrado é encantador, tanto mesmo que abrirei suas páginas aleatoriamente, expandindo meu coração. Se pretendesse escrever a respeito do seu todo, de verdade, trinta folhas ou mais do nosso Diário de Santa Maria não bastariam!
A primeira folha do Album é mágica. Leva-me a passear pela Praça Saldanha Marino com o Fernando do Ó, o Chico Ribeiro e o Edmundo Cardoso. Passamos pelo Felippe D'Oliveira e ele sorri para nós. Chico Ribeiro me aperta a mão e sussurra: pois é tchê, o Tempo não existe!
Mais adiante cruzo com o Cherubim Abelim e ele, fascinado pelo que escreveu o dr. Walter Jobim (folha 127 do álbum agora em minhas mãos), propõe irmos até a Montanha Russa. Em seguida, à procura do Graúna. Mais e mais, digo eu: vamos chamar o Lamartine Souza e o Romeu Beltrão para lembrarmos, relembrarmos, ultrapassarmos o Tempo.
Vencê-lo é fenomenal! Vejo-me de repente menino, no consultório do dr. Miguel Meirelles, levado por meu pai e minha mãe. Nada senão consulta rotineira, serena, ele paciente comigo. Uma cena de fraternidade permanente em minha memória.
Perco-me entre lá e aqui, entre aqui e lá deste livro agora em minhas mãos. De repente sai de dentro dele o Padre Caetano, que me batizou, e nos falamos, ele afetuosamente me abençoando. Vem-me o ímpeto de telefonar ao Nelson - continuo isolado em Tiradentes - para contar-lhe que o texto escrito pelo seu avô (A Montanha Russa, repito) está entre minhas mãos e se ele não possuir o livro morrerei de rir! Mas farei uma fotocópia e darei de presente de Natal a ele!
Repito o que não me canso de repetir: a Vida não pode ser, a Vida é maravilhosa. Além de tudo porque podemos, sempre, estarmos juntos, reunidos, como no time de bolão dos 3 Xirus!